Superquadras de Brasília

Inaugurada há cinquenta anos, Brasília marca, entre outras coisas, o desejo de propor uma nova sociabilidade urbana, que tem na escada residencial o seu desenvolvimento mais radical. Disposta ao longo do eixo norte-sul, a área residencial foi desenhada como um contraponto à cidade tradicional. Inspirado na cidade-verde do arquiteto franco-suíço Le Corbusier, Lúcio Costa propõe a liberação do térreo para a cidade renegando a sua usual divisão em lotes de propriedade privada. A medida garantia uma gama enorme de possibilidades de desenhos de implantação dos onze edifícios lineares de seis pavimentos sobre pilotis que compunham uma quadra, a unidade entre elas sendo alinhavada pelo cinturão verde que as envolvia.

Cada conjunto de quatro quadras formava uma superquadra, unidade de vizinhança semelhante à proposta pelo urbanista inglês Ebenezer Howard, provida de equipamentos de serviços e comércio para a comunidade distribuídos ao longo dos eixos de acesso que a separava.

Somente as quadras 107, 108, 307 e 308 seguem à risca o plano de Costa e formam uma unidade de vizinhança que se destaca das demais, não só em função da implantação de todos os equipamentos previstos, mas também porque alguns deles, como a capela, foram projetados por Affonso Eduardo Reidy. Além disso, os edifícios habitacionais foram concebidos por Oscar Niemeyer, a sua implantação servindo de modelo para outras quadras construídas posteriormente.

FALAR COM JORGE FRANCISCONI